CBUC discute como atrair as pessoas à causa ambiental
Nesta quinta-feira (24), o tema "Inovando na conservação: plataformas colaborativas" foi o centro das discussões no VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC). O evento está sendo realizado em Curitiba (PR) e termina nesta sexta-feira (25).
No principal painel do dia, a diretora do Programa de Gestão de Parques, da Conservação Nacional de Parques Golden Gate, a norte-americana Sue Gardner, falou sobre as ferramentas de engajamento, cidadania e as ações coletivas como forma de conectar pessoas com a conservação da biodiversidade. Para ela, essa conexão pode ocorrer mesmo com pessoas que, inicialmente, se mostram avessas ao contato com ambientes externos e com a natureza.
"Vivemos no mundo onde nunca existiram tantas distrações para nos impedir de ir para o ambiente externo. Por outro lado, também constatamos, por meio de pesquisas, que os jovens não estão desinteressados, eles apenas não estão expostos à causa ambiental e à natureza. Quando são expostos aos ambientes externos, aos parques e florestas, rapidamente se conectam. E é apostando na conexão do jovem com o meio ambiente que está nossa maior possibilidade de impacto".
A gestora norte-americana ainda apontou fatores que podem contribuir para o sucesso do engajamento das pessoas com a causa ambiental e com os parques. "Você precisa oferecer caminhos para que depois da primeira visita, eles voltem, independentemente de excursões escolares, por exemplo. Depois, (é preciso) firmar parcerias para possibilitar recursos para visitas monitoradas, e, acima de tudo, investir na educação, já que as escolas são um forte e potencial caminho para a aproximação dos jovens à causa. Pode até ser que não consigamos construir um melhor futuro para nossos jovens, mas podemos formar melhores jovens para o nosso futuro".
Pessoas se conectam a histórias
A discussão em torno da mobilização para o engajamento das pessoas à causa ambiental foi ampliada com a participação do cineasta, produtor e roteirista, Fernando Meirelles. Segundo palestrante do dia, ele provocou a plateia de especialistas na área ambiental. "Apesar dos problemas cada mais evidentes, especialmente no que se refere ao aquecimento global, a sociedade parece estar dormindo; não se mobiliza. E depois de muito pensar, descobri que a culpa é de vocês", brincou.
O cineasta explicou que um dos grandes problemas está na falha de comunicação dos especialistas com a sociedade. "A formação e a especificidade científica são necessárias, mas vocês não sabem comunicar. Vocês precisam falar a linguagem das pessoas; fazê-las sentir no corpo e coração. Não adianta ficar nas planilhas e dados porque aí só vai conseguir dialogar com sua própria tribo", recomendou ela.
E completou: "Não sou contra a racionalidade, mas a gente precisa comunicar e fazer isso contando histórias, em um roteiro de começo, meio e fim, com três atos que provoquem, inicialmente, pena, depois medo, e no fim, emocione com uma grande catarse", receitou o cineasta, autor de filmes aclamados pelo público e pela cr´tica como Cidade de Deus, Ensaio sobre a cegueira e O jardineiro fiel.
Estratégias de marketing
O terceiro palestrante do dia, Russel Mittermeier, vice-presidente executivo da Conservação Internacional, também falou em estratégias de comunicação, atreladas, no entanto, ao marketing da conservação da biodiversidade. Ele citou experiências globais com referência especial ao Brasil.
"Vocês tem hoje um dos melhores sistemas de unidades de conservação. Se não for a melhor rede do mundo, é uma das três melhores, mas precisam conectar as pessoas a essa causa até para conquistar mais financiamentos e recursos. E para conseguir isso eu sugiro sempre uma mistura de mídia, com a comunidade esportiva, com a indústria do entretenimento, reconhecendo sempre a importância das celebridades para alcançar o grande público".
Mittermeier também apontou soluções para países com poucos recursos para engajar pessoas nas questões ambientais. "Ecoturismo é o meio mais forte, rápido e impactante para conectar pessoas com a conservação da biodiversidade, especialmente em países pobres, de poucos recursos. É sem dúvida um mecanismo muito produtivo para as regiões que têm poucas opções para investir em conservação", completou o norte-americano.
V Mostra de Conservação da Natureza
A V Mostra de Conservação na Natureza é um dos eventos que ocorre dentro do VIII CBUC e em que são expostos, em painéis informativos, 167 trabalhos técnicos sobre conservação, de estudiosos de todo o país. Além de saber um pouco sobre as iniciativas de conservação, os visitantes podem conhecer os stands de diversas instituições.
O Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade estão representados na mostra, em stand compartilhado que disponibiliza informação sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), sobre projetos realizados no interior das UCs federais e sobre as próprias Unidades.
O espaço também vem sendo utilizado por gestores das UCs para reuniões e apresentações sobre temas específicos de determinadas localidades. Os servidores ainda atuam como voluntários no atendimento aos visitantes do stand MMA/ICMBio. É o caso do Chefe da Estação Ecológica (ESEC) de Maracá, de Roraima, Bruno Souza.
"É uma oportunidade que temos de divulgar as ações do ICMBio para a sociedade. Além disso, dentro de um mesmo ambiente encontramos representantes de centros de pesquisa de outras UCs, de outras instituições envolvidas com a agenda ambiental, ou seja, é um ambiente muito rico para troca de experiências", disse ele.
O chefe da Floresta Nacional (FLONA) de Bom Futuro, de Rondônia, Ronilson Vasconcelos, também vê o trabalho de voluntário no stand do MMA/ICMBio com bons olhos. "É uma forma de ajudar a instituição e também uma oportunidade de poder passar as perspectivas da UC, dividindo os problemas e tentando buscar exemplos que ajudem a solucioná-los".
Ainda entre os stands de destaque, está o que representa o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, com divulgação dos mamíferos ameaçados de extinção que habitam o estado, além de informações sobre os parques estaduais paranaenses, cadastro rural e sobre os trabalhos realizados em prol da educação ambiental.
Já a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, promotora do CBUC, inovou e faz os visitantes da mostra viajarem sem sair do lugar, aprendendo sobre a biodiversidade brasileira por meio de jogos interativos. Esses games e outras atrações, como um cinema sensorial 4D 360o, fazem parte da Conexão Estação Natureza, exposição que está rodando o Brasil com o objetivo de aproximar as pessoas da causa ambiental.
http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/4-destaques/7020-cbuc-discute-formas-de-conectar-pessoas-com-a-causa-ambiental.html
Movimento Socioambiental
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