Mais de quarenta concluintes de cursos ofertados através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) receberam certificação na tarde de sexta-feira (11). A cerimônia de entrega ocorreu na Reserva Extrativista Lago Cuniã, situada a aproximadamente 130 km do centro urbano de Porto Velho (RO), e contou com a participação de servidores do IFRO, formandos e familiares.
Os formandos receberam os certificados dos cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) de Açaicultor, Agente de Desenvolvimento Socioambiental, Agente de Desenvolvimento Cooperativista e Manejador de Florestas Nativas, ofertados por meio dos Campi Porto Velho Calama e Zona Norte. "O Pronatec tem por finalidade atender principalmente as comunidades em situação de vulnerabilidade e tem esse papel de chegar a locais onde os cursos regulares, de alguma forma, não conseguiriam alcançar. Os cursos são de média e curta duração, com mínimo de 160 horas indo até 400 horas e o objetivo é atender essas demandas regionais. Ao todo, foram oitenta e sete concluintes, com índice de evasão baixíssimo", informou o Coordenador Geral do Pronatec no IFRO, Adonias Soares da Silva Júnior.
Os cursos atenderam à demanda do Ministério do Desenvolvimento Social, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que indicou, junto às comunidades da Reserva Extrativista Lago Cuniã, as capacitações que seriam desenvolvidas dentro da unidade de conservação. "O Pronatec é um start para a questão da capacitação e educação dentro da comunidade extrativista. É muito importante a agregação destas informações técnicas aos conhecimentos tradicionais que os moradores já possuem. As capacitações permitem ampliar o leque de conhecimentos e trabalhos que podem ser desenvolvidos dentro da unidade de conservação", destacou o analista ambiental e chefe da Reserva Extrativista do Lago Cuniã, Cristiano Andrey Souza do Vale, que participou da cerimônia de certificação.
Durante a entrega de certificados, o Professor Carlos Henrique dos Santos, que representou o Reitor Uberlando Tiburtino Leite na cerimônia, destacou o papel do IFRO no atendimento às demandas de capacitações em vários locais do estado de Rondônia, reforçando o compromisso da instituição de promover educação profissional de qualidade e gratuita. "A oferta dos cursos dentro das comunidades é de suma importância para capacitar a mão de obra local e até mesmo para fixar os moradores em seus locais de origem, para desenvolver os projetos nesta região, agregando valores à sua produção", comentou.
Um dos campi que aplicou os cursos para as comunidades da Reserva Extrativista Lago Cuniã foi o Porto Velho Calama. Três capacitações foram disponibilizadas pela unidade. "Para nós é uma satisfação certificar os alunos que concluíram os cursos de Agente de Desenvolvimento Socioambiental, Açaicultor e Manejador de Florestas Nativas com muito empenho. Dessa forma o IFRO está cumprindo seu papel de atender as comunidades mais distantes, em especial as comunidades tradicionais", ressaltou o Diretor-Geral da unidade Porto Velho Calama, Marcos Aparecido Atiles Mateus.
Já o curso de Agente de Desenvolvimento Cooperativista foi ofertado através do Campus Porto Velho Zona Norte. Segundo o Diretor-Geral da unidade, Gilberto Laske, o IFRO busca identificar as necessidades de formação que as comunidades possam ter, para que, a partir de capacitações, ocorram melhorias sociais e econômicas. "Nesse sentido temos buscado formar parcerias e programas que procurem eliminar essas carências de capacitação, de profissionalização destas comunidades e que promovam melhores condições de vida para todos", informou.
Para um dos membros da Diretoria da Associação de Moradores do Cuniã (ASMOCUN), Gilberto Pereira Raposo, a oferta dos cursos aos moradores das quatro comunidades da região, é uma oportunidade de crescimento. "É importante porque é mais um passo que a comunidade dá em busca de conhecimento, que é algo muito importante para todos, trazendo a melhoria de vida para nós, povos da floresta. A expectativa da comunidade é buscar mais capacitações, contando inclusive com a parceria do IFRO", disse.
Antônio Ednaldo Fernandes de Souza, morador da comunidade Silva Lopes Araújo, presidente da cooperativa Cuniã, foi um dos formandos dos cursos. Ele recebeu capacitação e agora está pronto para atuar como Agente de Desenvolvimento Cooperativista. "Participei do curso para aprimorar os meus conhecimentos e depois repassar essas informações para os nossos cooperados", contou o vigilante que trabalha com manejo de jacaré na reserva extrativista.
Outro aluno dos cursos ofertados na Reserva Extrativista Lago Cuniã foi Gilsinei Gonçalves Braga. O servidor público participou do curso "Açaicultor", onde recebeu orientações quanto ao cultivo e extração do açaí. "O curso foi muito bom, já conhecíamos algumas maneiras de trabalhar com o açaí, mas através do curso nos aperfeiçoamos mais, conhecendo a forma correta de plantio, como levar a muda até a terra preparada, como cuidar do açaí no tempo da seca, e também maneiras de extrair o fruto da natureza", explicou o morador da comunidade Boa Vitória.
A capacitação escolhida pela estudante Mirian Machado de Souza foi o Curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) de Agente de Desenvolvimento Socioambiental. Segundo ela, informações sobre a separação e destinação correta do lixo foram repassadas durante a capacitação. "Estamos cientes dos perigos e dos males que o lixo espalhado pode trazer para a nossa comunidade", comentou a moradora da comunidade Pupunhas e acrescentou que o curso vai reforçar o seu currículo: "Aparecendo oportunidade de emprego, com essa capacitação poderei concorrer à vaga e ir adiante".
Também morador da comunidade Pupunhas, Alex Sousa Nogueira, participou do curso de Manejador de Florestas Nativas. O pescador contou que soube da oferta do curso através da Diretoria da Asmocun. "Tive interesse porque trabalhamos como extrativistas e com esse curso aprimorei meus conhecimentos. Aprendi a fazer a extração de forma mais técnica, agregando valor ao meu trabalho e extraindo sem causar dano ao meio ambiente", destacou.
E o aprendizado foi grande tanto para quem participou dos cursos, como também para quem lecionou algumas disciplinas. É caso da professora Maria Helena Peixoto Peron, que ministrou a disciplina de Acolhimento para os participantes do curso de Açaicultor na comunidade Boa Vitória. "Foi uma experiência extraordinária. Os alunos estudam e muitas vezes eles não têm a oportunidade de conhecer um curso fora da reserva. O curso ofertado é de uma valia muito grande, uma possibilidade de curso profissionalizante que eles têm", disse completando: "Chegávamos na quinta-feira e trabalhávamos na sexta-feira, no sábado e no domingo, durante a tarde e a noite. Foi muito proveitoso, em três turmas realizei o acolhimento, turmas bem esforçadas, vinham até a reserva de lancha para participar do curso, demonstrando assim o desejo e o interesse em adquirir novos conhecimentos".
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