Desmatamento na Amazônia recua, mas degradação florestal dispara em 2024, aponta Imazon
Os três Estados que mais derrubaram a floresta no 1o quadrimestre foram Mato Grosso, Amazonas e Roraima. Juntos, respondem por quase 80% do desmate entre janeiro e abril
Luiz Fernando Figliagi
21/05/2024
O desmatamento na Amazônia recuou 58% no primeiro quadrimestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2023, segundo levantamento feito pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A degradação florestal - que é o dano causado pelas queimadas ou extração seletiva de madeira -, em contrapartida, saltou mais de 3000% no mesmo período.
De acordo com o Imazon, o desmatamento de janeiro a abril passou de 1.203 quilômetros quadrados para 508 km². A degradação, no entanto, passou de 84 km² para 2.846 km² na mesma base de comparação, a maior em pelo menos 15 anos, quando o instituto passou a mapear a degradação florestal além do desmatamento.
Segundo o Imazon, a maior parte dessa destruição ocorre pelo número de queimadas em Roraima, que só em abril, teve uma área degradada equivalente à cidade de Salvador, com 693 km² afetados.
"Por isso, é muito importante que enquanto os governos federal e dos Estados sigam intensificando o combate à derrubada da floresta, sejam realizadas ações específicas de enfrentamento às queimadas, focando principalmente em Roraima", diz, em nota, Larissa Amorim, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.
O Estado vem sofrendo com uma seca histórica, e isso, conforme o coordenador do Imazon, Carlos Souza Jr., causa mais queimadas. "Segundo os nossos monitoramentos da superfície de água no bioma Amazônia, que apresenta dados desde 1985, o Estado foi o mais afetado pela redução hídrica, onde as várzeas estão ficando mais secas a cada verão", explica.
Desmatamento
A tendência de queda do desmatamento também pôde ser observada em abril, mês em que desmate caiu 44% (para 188 km²) sobre igual mês do ano passado, 13o recuo consecutivo nessa comparação.
"Em relação a abril de 2022, a redução apresentada neste ano chega a 84%. Isso porque, há dois anos, a Amazônia perdeu 1.197 km² de mata nativa em abril, sendo a maior taxa desde o mês de 2008, quando o Imazon implantou seu sistema de monitoramento", destaca o instituto.
Estados
Os três Estados que mais derrubaram a floresta no primeiro quadrimestre foram Mato Grosso, Amazonas e Roraima. Juntos, respondem por quase 80% do desmate entre janeiro e abril na região.
Em Mato Grosso, segundo o Imazon, a devastação avança em municípios da metade norte: Colniza, Nova Maringá e Juara, presentes no ranking dos 10 mais desmatados da Amazônia em fevereiro, março e abril. Unidades de conservação do Estado também estão nas listas mensais das 10 mais destruídas, como a Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, Parque Estadual Cristalino e Estação Ecológica do Rio Roosevelt.
Terras indígenas
No Amazonas, a derrubada ganha força na região Sul, na divisa com Acre e Rondônia, chamada de Amacro. As cidades mais atingidas são Novo Aripuanã e Apuí, também presente no ranking. O Estado é destaque negativo no desmate em assentamentos, como Aripuanã-Guariba, Rio Juma e Acari.
Em Roraima, o desmatamento acontece em municípios como Rorainópolis, Iracema, Caracaraí e Cantá, todos com presença em pelo menos uma das listas mensais dos mais devastados no quadrimestre. Entre as terras indígenas do Estado, a que apresentou maior destruição foi a Raposa Serra do Sol, que registrou 1,4 km² de derrubada entre janeiro e abril.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/05/21/desmatamento-na-amazonia-recua-mas-degradacao-florestal-dispara-em-2024-aponta-imazon.ghtml
Amazônia:Desmatamento
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