Exploração científica do potencial da flora, educação ambiental e ecoturismo. Esses são alguns dos principais potenciais da maior Floresta Nacional (área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas que tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica) do Paraná, na região dos Campos Gerais. No entanto, por falta de um plano de manejo e de recursos financeiros, os potenciais do local estão sendo pouco explorados e uma antiga plantação de pinus está se deteriorando.
A Flona de Irati (nome como a unidade é conhecida) tem 3.495 hectares, a segunda maior do Sul do País. Do total da área, 1,5 mil hectares são de mata nativa de araucárias (floresta ombrófila mista), 500 hectares de araucárias plantadas e 750 hectares de pinus plantados. Esta última plantação está intacta desde o início da década de 1990. Por falta de um plano de manejo, a área não pode ser mexida. E o pinus, que tem valor estimado em mais de R$ 10 milhões, não pode ser removido.
O plano não foi renovado por falta de recursos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão responsável pelas Flonas brasileiras. Por isso, em uma iniciativa inédita, o Ibama abriu um edital para realizar uma co-gestão com uma organização não-governamental (ONG). Quem venceu a licitação foi a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), que iria bancar o plano de manejo e depois ser reembolsada com a venda do pinus.
Um inventário da área foi feito por professores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), mas o trabalho parou por questões burocráticas depois que as unidades de conservação ambiental passaram para a responsabilidade do Instituto Chico Mendes, no ano passado. Enquanto isso parte do pinus pode estar se perdendo, já que em depois de alguns anos ele pára de crescer e não há mais ganho. Outras Flonas no País esperam o resultado da co-gestão para ver a viabilidade da implantação.
O chefe da Flona de Irati, Ricardo Augusto Ulhôa, conta que depois de cortar o pinus a intenção é que se use a área para outros fins. "Nossa idéia é usar essa área para pesquisa científica da flora. O pinus foi plantado para mostrar aos madeireiros como fazer o plantio e corte sustentável. Então a função original da área é o desenvolvimento científico e isso não precisa mais ser feito com o pinus", afirmou. Justamente por isso que a falta do plano de manejo atrapalha outras formas de desenvolvimento da Flona.
Ulhôa conta que algumas pesquisas são desenvolvidas no local, mas que o potencial é muito maior. Mas o plano é necessário para que se possa mexer no local e no futuro também usar os 750 hectares onde estão plantados o pinus para isso. Hoje a unidade não tem atividades que rendam lucro e assim possa se sustentar. Com o plano de manejo isso pode tornar-se viável. "A co-gestão prevê que parte do lucro do corte do pinus venha para nós. E podemos produzir produtos a partir da flora", afirmou o chefe da Flona de Irati.
Educação e turismo
O chefe da Flona de Irati, Ricardo Augusto Ulhôa, conta que existem projetos para desenvolver o potencial turístico do local. Estamos numa região que tem vários pontos turísticos. Então seria fácil nos inserir no roteiro, afirmou. Atualmente o local recebe visitantes com hora marcada. A maior procura é das escolas locais. Um guia orienta os alunos por uma trilha e depois pela sala de visitantes, onde há espécies de animais empalhadas, outras em vidros (animas peçonhentos) e amostras de madeiras.
As pessoas que chegam até o local querendo conhecer sem avisar antes também podem. Não é possível entrar de carro e daí não é garantida da presença de um guia.
É justamente esta parte que Ulhôa pretendente organizar, criando um roteiro de visitas. Além das inúmeras espécies de árvores como, por exemplo, araucária, imbuia, erva-mate, bracatinga, cedro, carvalho o local também animais nativos deste tipo de floresta como gralha-azul, onça-parda (puna), macaco-prego.
A unidade tem diversas casas que pertenciam a funcionários que moravam no local e ao longo dos anos foram se aposentado e não foram repostos. Ulhôa pediu que as casas mais deterioradas sejam desmanchadas e com o material pretende restaurar as demais.
O local tem uma vila completa, com casas onde funcionavam comércios, um campo de futebol e uma pequena igreja. (AB)
Local pertencia ao extinto Instituto do Pinho
Dados históricos do Ibama dão conta que a Flona de Irati era conhecida anteriormente como Parque Florestal, e pertencia ao extinto Instituto Nacional do Pinho, criado como o objetivo de "coordenar e superintender os trabalhos relativos à defesa da produção do pinho". Originou-se da necessidade de se pesquisar o Pinheiro do Paraná. Foi criada por meio de uma portaria do extindo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Floresta, em 1968, quando passou a denominar-se Floresta Nacional. (AB)
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