Recuperar e proteger a vegetação nativa da Área de Proteção Ambiental (APA) do Descoberto e garantir a qualidade da água são os principais objetivos do Projeto Descoberto Coberto - Projeto de Adequação Ambiental da Reserva Biológica e das Propriedades Rurais às margens do Lago Descoberto.
A iniciativa está sendo desenvolvida por um grupo de trabalho formado por servidores do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), da Agência Reguladora de Águas e Saneamento (Adasa), da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), da Empresa de Assistência Técnica e Expansão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), da Secretaria de Agricultura (SEAPA), da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Agência Nacional de Águas (ANA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Além da participação da comunidade local e da Associação dos Produtores e Protetores da Bacia do Descoberto (Pró-Descoberto).
Iniciado no ano de 2009, o Projeto tem recursos originados de multas e compensações ambientais e florestais pagas por empreendedores e, ainda, dos produtores rurais da região, que se comprometeram a comprar mudas e plantá-las nas propriedades. As atividades no ano passado tiveram início na área mais próxima do Lago do Descoberto devido a sua contribuição direta para o reservatório do Lago. No primeiro ano foram plantadas 17 mil mudas e para 2010 a previsão é que 160 mil mudas de espécies nativas do Cerrado sejam plantadas.
"Temos nos esforçado para desenvolver ações que promovam a recuperação, a proteção e, principalmente, a consolidação da faixa de proteção de 125m do Lago do Descoberto. Além da recuperação da faixa do Descoberto está sendo implantados sistemas agropastoris na região", afirma Lúcia Helena Moura da Diretoria de Gestão de Unidade de Conservação do Ibram.
Ela destaca que a importância da recuperação da área que possui grande ocupação humana. "O Lago faz parte da APA do Descoberto e é responsável por 65% do abastecimento de água do Distrito Federal", ressalta.
O Projeto está dividido em quatro etapas: diagnóstico ambiental e socioambiental; mobilização social e educação ambiental; revegetação da Rebio do Lago do Descoberto e implantação dos sistemas agroflorestais (SAFs) nas reservas legais das propriedades.
O IBRAM coordena o Diagnóstico Ambiental que está em fase de conclusão. Técnicos do Instituto juntamente com servidores dos demais órgãos envolvidos realizam colheitas de dados e visitas às propriedades rurais. São observados características da vegetação, existência de outorgas para uso das águas subterrâneas na região, uso e ocupação do solo, fontes de renda familiar e o interesse dos proprietários em receber mudas.
Segundo Marcelo Lara, analista de atividades do meio ambiente do Ibram, os dados já estão sendo consolidados para o diagnóstico ambiental que deve ser concluído até o final de julho. Após a compilação das informações será elaborado um relatório que possibilitará localizar as áreas prioritárias. "Temos observado que há áreas que precisarão do mínimo de intervenção e outras que necessitam de uma maior recuperação com vegetação nativa. Nosso trabalho é contribuir para a preservação e para a qualidade da água do Lago do Descoberto", afirma.
O Projeto Descoberto Coberto prevê ainda a averbação das reservas legais, manejo de toda a Bacia do Lago do Descoberto e outras ações protecionistas em toda a Bacia como, por exemplo, a recuperação de nascentes, canais de ligação, mata ciliar, de estradas de acesso, combate a erosão e assoreamento e atividades ambientais.
Lago do Descoberto
O Lago do Descoberto é responsável por 65% do abastecimento de água do Distrito Federal. O recurso após ser tratado é distribuído para as regiões administrativas da Ceilândia, Taguatinga, Gama, Guará, Samambaia, Riacho Fundo, Recanto das Emas, Águas Claras, Santa Maria, Núcleo Bandeirante, Candangolândia e parte do Plano Piloto.
O Lago faz parte APA do Descoberto, criada pelo Decreto n 88.940/83, e abrange as regiões administrativas de Taguatinga, Brazlândia, Ceilândia e o município de Águas Lindas (GO).
O Decreto de criação da APA estabeleceu como medida prioritária o zoneamento ambiental relacionando as atividades a serem encorajadas ou incentivadas, e aquelas que deveriam ser restringidas na região. Também ficou definida a adoção de uma "faixa verde" em torno do lago, onde somente atividades de florestamento e reflorestamento, com características de proteção e conservação de mananciais, seriam permitidos.
Apesar desses mecanismos legais de proteção, os órgãos responsáveis pela gestão das águas do Sistema Integrado do Rio Descoberto têm registrado o aumento do grau de degradação da bacia. Foram detectados problemas ambientais como processos erosivos generalizados, impermeabilização do solo nas áreas urbanas, desmatamentos nas áreas de entorno, invasões das margens dos recursos hídricos por atividades agrícolas, além da expansão da cidade de Águas Lindas.
O entorno do Lago do Descoberto atualmente é ocupado por chácaras voltadas à produção de hortifrutigranjeiros e por reflorestamento de pinus e eucaliptos. Além disso, as pressões socioambientais, tais como especulação imobiliária, invasões, presença de animais, despejo de lixo, erosões, desmatamentos e destruição das cercas de proteção existentes, geram um impacto direto sobre o Lago.
Leia mais sobre o Projeto: www.descobertocoberto.df.gov.br.
http://www.ibram.df.gov.br/003/00301015.asp?ttCD_CHAVE=101807
UC:APA
Related Protected Areas:
- UC Bacia do Rio Descoberto
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.