Na madrugada de sábado para domingo, 21 de setembro, o índio Kaingang Ademir Mendes, de 24 anos, foi degolado enquanto se dirigia da cidade de Palmas, Paraná, para a área indígena. O corpo foi encontrado na manhã de domingo, em uma estrada que dá acesso à aldeia, por agentes indígenas de saúde que participariam de um curso de formação.
Ademir Mendes era sobrinho do Cacique Albino Veri e uma liderança importante da comunidade indígena na luta pela demarcação e garantia da terra. A área indígena Palmas já teve o procedimento de demarcação iniciado, aguarda, no entanto, que o ministro da Justiça assine a portaria declaratória. Em função das pressões de madeireiras e políticos o Ministério da Justiça vem protelando a sua publicação.
A área indígena Palmas estava invadida por madeireiras e num processo de luta, os Kaingang as expulsaram da terra. Ademir Mendes foi uma das lideranças que comandou esse processo contra as madeireiras e em função disso sofreu ameaças de morte. A comunidade indígena suspeita que os assassinos de Ademir sejam pessoas ligadas aos invasores expulsos da terra indígena.
O assassinato de Ademir Mendes ocorreu, coincidentemente, no dia da viagem de caciques Kaingang e Guarani de Santa Catarina e do Paraná para Brasília, a fim de solicitar da Funai e Ministério da Justiça agilidade nas demarcações das terras e a imediata retirada dos invasores.
Neste ano já foram assassinadas 20 lideranças indígenas no Brasil, sendo que nos estados do sul foram quatro, dois com a garganta cortada. O processo de violência contra índios e trabalhadores rurais vem se intensificando a cada dia. Infelizmente as autoridades federais, tanto do Poder Executivo como do Judiciário, têm feito pouco caso diante de uma realidade que clama por intervenções emergenciais, quais sejam: punição dos responsáveis por assassinatos e ameaças de morte, dos mandantes e dos pistoleiros; punição daqueles que instigam ou apregoam a violência contra índios e sem terra; demarcação das terras indígenas; reforma agrária; recursos públicos para garantir assistência e proteção aos povos indígenas; estruturação de políticas públicas com recursos suficientes para atender os que mais precisam do Estado - os povos indígenas, os sem terra, sem trabalho, sem moradia, sem comida.
O Cimi pergunta, uma vez mais, ao governo federal: até quando a barbárie no campo vai prevalecer sobre o direito à vida? Até quando?
PIB:Sul
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