Doença misteriosa já matou 37 micos em parque no Rio Grande do Norte

O Globo, Ciência e Vida, p. 33 - 18/06/2004
Doença misteriosa já matou 37 micos em parque no Rio Grande do Norte

Roberta Jansen

Uma doença misteriosa já matou 37 micos-estrela ( Callitrix jachus ) no Parque Estadual das Dunas, em Natal, desde janeiro. Especialistas temem que se trate de uma zoonose, uma doença transmissível para humanos. Por isso, chegaram a fechar o parque por mais de um mês.
O número anormal de mortes chamou a atenção dos especialistas para a epidemia. Os micos apresentam debilidade, redução excessiva da temperatura do corpo e lesões cutâneas na face e no abdômen. Quando esses sintomas surgem, os animais morrem em 24 horas, segundo os cientistas. Até agora, nenhum deles conseguiu se recuperar.
- O parque ficou fechado de primeiro de maio a 14 de junho porque não sabíamos o que estava acontecendo - explicou o biólogo Marcelo Marcelino de Oliveira, chefe do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros, do Ibama. - Como não houve a confirmação de que se trata de uma zoonose, o parque foi reaberto, mas estamos recomendando aos visitantes que evitem contato direto com os animais, evitem trilhas onde macacos morreram e não deitem no chão.
Amostras de sangue e tecido dos animais mortos já foram encaminhadas a laboratórios de referência, como Evandro Chagas e Fiocruz, mas ainda não há resultado conclusivo. Necropsia realizada nos animais tampouco conseguiu identificar a causa das mortes.
- Os achados da necropsia se assemelham aos encontrados em animais mortos por mormo, uma doença que acomete eqüídeos e pode acometer também o homem se ele mantiver contato com um animal doente - conta Oliveira. - É uma doença provocada por uma bactéria que, se detectada precocemente, pode ser tratada com antibióticos. O problema dessas enfermidades raras é que é difícil identificá-las. Mas nenhuma bactéria foi isolada.
Cientistas vão testar amostras de 100 micos
Como os exames feitos com os animais mortos se revelaram pouco conclusivos, os especialistas estão propondo agora um levantamento mais amplo. Sob a coordenação do Ibama, e com a participação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) será iniciado até o fim do mês um projeto que tem por objetivo coletar amostras de sangue, fezes e tecido de cerca de 100 micos do parque. Os cientistas esperam, dessa forma, conseguir identificar que tipo de patógeno está circulando entre os animais.
- Pode ser uma bactéria, um vírus, não há como dizer - afirma Oliveira. - Precisamos fazer uma bateria de exames para os patógenos conhecidos.
A preocupação dos cientistas em determinar o que está causando a epidemia entre os animais se justifica. O mico-estrela é bastante comum e ocorre não só no Nordeste, mas também no Norte e no Sudeste. Ou seja, a doença poderia se espalhar para outras regiões do país.

O Globo, 18/06/2004, Ciência e Vida, p. 33
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