Paraíso para o tráfico

CB, Brasil, p. 15 - 09/07/2006
Paraíso para o tráfico

Até dez anos atrás, quando foi transformada em município, a mini-cidade de Santa Cruz de Minas era um distrito de Tiradentes encostado em São João del Rey. Cresceu como bairro-dormitório destes dois municípios. Com o tempo, sua população ultrapassou a de Tiradentes, o que a levou a eleger mais vereadores e até o prefeito da cidade, razão da sua emancipação por razões políticas locais.
Sem zona rural e sem ter para onde crescer porque a maior parte do seu pequeno território é uma APA (Área de Proteção Rural) da Serra de São José, que abriga uma RSA (Reserva de Vida Silvestre), Santa Cruz de Minas tem sua vida econômica baseada nas pequenas oficinas e lojas de artesanato e móveis rústicos, além de modestas pousadas.
Espremida entre dois municípios que recebem grande afluxo de turistas e sofrem forte influência de Juiz de Fora e Rio de Janeiro, Santa Cruz acabou se transformando num paraíso para o tráfico: até abril deste ano, a cidade era uma terra de ninguém, não tinha sequer uma delegacia de polícia. Um delegado de São João del Rey só aparecia por lá uma vez por semana no horário comercial. Nos outros dias e horários, apenas dois soldados da PM zelavam pela segurança da população.
Até a família do prefeito Paulo César de Almeida, 48 anos, do PSC, conhecido como 'Didico da Ambulância", acabou se tornando vítima do clima de violência e impunidade que dominou a cidade. Em abril do ano passado, Fábio César de Almeida, de 25 anos, o segundo dos seus cinco filhos, foi assassinado num bar quando jogava sinuca. Três rapazes chegaram e perguntaram se era verdade que ele queria roubar a namorada de um deles. Antes de responder, foi morto.
Didico da Ambulância é o segundo prefeito da breve história do município. O primeiro foi seu primo José Antonio dos Santos, conhecido por Padre, que ocupou o cargo por dois mandatos. Quando foi eleito prefeito, em 2004, Didico não imaginava que a segurança pública se tornaria o maior problema da cidade. Na época, era a saúde. Prometeu melhorar o setor e hoje ele se orgulha de ter 21 médicos trabalhando na prefeitura. (RK e HCM)

CB, 09/07/2006, Brasil, p. 15
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