CB, Cidades, p. 28 - 21/03/2007
Discórdia na Água Mineral
Talita Cavalcante
Da equipe do Correio
A substituição de plantas exóticas, vindas de outras regiões do país ou do exterior, por espécies nativas do Cerrado no Parque Nacional de Brasília tornou-se ainda mais polêmica. Além dos freqüentadores da chamada Água Mineral, funcionários e pessoas que moram próximo ao parque declararam-se totalmente contrários à retirada das antigas árvores. Eles argumentam que não foram previamente avisados sobre a medida e que nem todas as espécies exóticas agridem o ecossistema. A direção do parque, porém, afirma que o diagnóstico da situação ambiental do lugar, apresentado ontem, ratifica a necessidade de intervenção.
O diagnóstico elaborado pela engenheira ambiental Christiane Horowitz, do Parque Nacional, aponta que há na reserva ambiental 1,7 mil espécies exóticas.
"Vamos continuar agora a substituição das mais de 100 espécies danosas que catalogamos", disse a especialista. Ela explica que a invasão das plantas exóticas é a segunda maior causa de perda da biodiversidade no mundo.
Portanto, elas serão substituídas por mudas de ipês, jatobás, copaíbas, buritis, entre outras típicas do Cerrado - ao todo, 12 mil mudas doadas pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), como forma de compensação ambiental pelas áreas desmatadas para a realização de obras. "Para cada árvore nativa retirada da área urbana, devemos replantar 30. Então, demos as mudas ao parque, porque queremos colaborar com o Cerrado", destacou o engenheiro florestal da Superintendência de Meio Ambiente da Caesb Vladimir Puntel.
Revolta
Para o engenheiro florestal do Parque Nacional Paulo César Mendes Ramos, nem todas árvores têm alto grau de dispersão de sementes e, por isso, devem morrer ali mesmo. "Para recuperar é preciso um trabalho antecipado, com a escolha do que plantar. E não agir de forma a aproveitar oportunidades", ressaltou. Ele afirma que assim não há recuperação do solo e sim uma simples arborização do parque. "Estamos plantando árvores, somente."
Quem mora perto da Água Mineral também estão insatisfeitos. Eles reclamam de não terem recebido qualquer correspondência sobre as substituições de árvores. E, há três semanas, o corte de uma figueira, que ficava ao lado do portão de acesso 2, aumentou ainda mais a polêmica.
"Os micos ficavam naquela figueira para se protegerem dos macacos-prego", contou o advogado Ivan Benício de Abreu, 50 anos - 45 deles como morador do parque. "O plano de manejo prega que devemos combater apenas o capim-gordura e não todos os tipos de planta."
CB, 21/03/2007, Cidades, p. 28
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