CB, Cidades, p. 37 - 23/08/2007
Parque Nacional arde há dois dias
O fogo começou às 11h de terça-feira e já consumiu 2,2 mil hectares de área verde da maior reserva do DF
Pablo Rebello
Da equipe do Correio
Uma enorme nuvem acinzentada invade o horizonte ao norte da capital há dois dias. A fumaça se ergue de uma área do Parque Nacional de Brasília, próxima do Lago Oeste, onde uma linha de fogo sinuosa espalha-se cada vez mais por dentro da mata e ameaça devastar ainda mais a vegetação. As chamas têm dado trabalho aos homens do Corpo de Bombeiros e aos brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que enfrentam dificuldades para apagar as labaredas - como terrenos em declive e mata fechada.
Até o fim da tarde de ontem, as labaredas tinham consumido 2,2 mil hectares do Parque Nacional, segundo dados do Instituto de Meteorologia (Inmet). A área queimada corresponde a 6% do total da reserva ambiental. "É o maior incêndio que enfrentamos este ano", afirmou o chefe da comunicação dos Bombeiros, major Rogério Soares. A previsão é de que a luta contra o fogo se prolongue por pelo menos mais dois dias.
Um dos fatores que influenciou as grandes proporções do incêndio foi o tempo que levou para os bombeiros serem avisados do problema, disse o major Rogério. "As chamas começaram por volta das 11h, mas só nos avisaram às 14h. Quando chegamos, nos deparamos com uma linha de fogo que já tinha 10km de extensão", observou. Os bombeiros também apuraram que o incêndio começou em uma área de chácaras próxima do Parque Nacional e provavelmente foi provocado por moradores. Caso o culpado seja identificado, ele pode pegar de seis meses a dois anos de prisão e pagar multa ainda a ser definida.
Em alerta
Um contigente de 200 homens do Corpo de Bombeiros, mais 40 brigadistas do Ibama e militares do Exército participaram do combate ao fogo ontem. Dez veículos e um helicóptero auxiliaram na operação. Uma base chegou a ser montada em uma construção abandonada na entrada do Lago Oeste. A partir das 8h de hoje, todos os quartéis da corporação estarão de prontidão. Todos os bombeiros, até os funcionários que trabalham em áreas administrativas, receberam ordem para estarem vestidos com o uniforme de socorro e podem ser chamados para o combate ao fogo a qualquer hora.
A medida, que pretende dar um fim à ameaça de alastramento do incêndio o mais rápido possível, levou em conta o desgaste das equipes que têm trabalhado no local. Como o fogo está concentrado em áreas de difícil acesso, nem os melhores caminhões da corporação conseguem se aproximar dos pontos afetados. Os carros precisam parar a 4km do incêndio, de onde os bombeiros descem a pé munidos somente com abafadores e bombas costais.
Mas nem isso vem impedindo que as labaredas se alastrem.
Os ventos têm alimentado as chamas e a baixa umidade do ar, que ontem variou de 40% a 20%, não tem contribuído com o trabalho de combate ao fogo. Brigadistas do Ibama e homens do Corpo de Bombeiros já localizaram animais mortos em vários pontos da reserva. Os que mais sofrem com o fogo são répteis, roedores, aves e mamíferos como coelhos e macacos (veja quadro acima).
A previsão do Inmet para os próximos dias não anima. O tempo permanecerá seco e quente até o final do mês. E as chuvas só devem chegar em meados de setembro. A umidade do ar deve variar hoje, também, de 40% a 20% com temperatura mínima de 16oC e máxima de 28oC.
O último incêndio de grandes proporções registrado em uma reserva ecológica no DF ocorreu entre os dias 19 e 21 de setembro de 2005. Nesse período, as chamas consumiram 3.140 hectares do Jardim Botânico de Brasília, o equivalente a 60% de sua área total.
CB, 23/08/2007, Cidades, p. 37
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