Cooperativa da Flona do Tapajós é exemplo de manejo sustentável da floresta

SFB - www.mma.gov.br - 27/10/2009
Bom exemplo de que é possível conservar a biodiversidade das florestas e ainda gerar benefícios econômicos e sociais para as comunidades tem sido o manejo florestal comunitário. No oeste do Pará, famílias integrantes da Cooperativa Mista Flona do Tapajós Verde (Coomflona) vivem hoje da extração sustentável da madeira de uma área de 32 mil hectares, manejada por eles desde 2005.

"Nos primeiros anos tivemos dificuldade para vender a madeira, pois compradores queriam só alguns tipos. Mas neste ano, vendemos 20 mil metros cúbicos, valendo 197 reais cada, o que nos rendeu R$ 3,9 milhões", comemora o presidente da Coomflona, Sérgio Pimenta Vieira.

A Coomflona possui um escritório, caminhão, 14 motoserras, energia elétrica vinda do uso de painéis solares, cinco computadores e outros bens. Mas os principais benefícios podem ser vistos na qualidade de vida das famílias. "A gente vê claramente como mudou a vida das pessoas. Nós que vivemos na floresta sabemos como é importante que ela esteja sempre verde para nós e para as futuras gerações", afirma Vieira.

Segundo ele, a iniciativa partiu da própria comunidade, em 1991, que começou a discutir com o governo como colocar em prática a idéia. Em 2000, começaram a desenvolver o plano de manejo. O apoio financeiro inicial veio do Banco de Desenvolvimento Alemão (KWF), para a capacitação técnica que viabilizasse a derrubada das árvores sem danificar outras ao redor, bem como para abrir estradas com menor impacto possível.

A experiência, bem pensada e planejada, tornou-se uma peça-chave para o seu sucesso, e agora a comunidade colhe os bons frutos do esforço. "Se quiser a floresta em pé, o governo tem que assumir e oferecer à comunidade assistência técnica e apoio gratuitos", destacou o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Antônio Carlos Hummel.

A experiência, trazida por Vieira e Hummel, foi contada nesta quinta-feira (21), durante mesa redonda promovida pelo Serviço Florestal, no XIII Congresso Florestal Mundial, que encerrado esta sexta-feira (22), em Buenos Aires.

CAPACITAÇÃO - Desde segunda-feira (26), moradores da Flona do Tapajós estão recebendo capacitação do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) para atuar como conselheiros fiscais em cooperativa. O grupo inclui os seis membros eleitos para o conselho fiscal da Cooperativa Mista Flona do Tapajós (Coomflona) e lideranças das comunidades da região. O curso Capacitação de Conselheiros Fiscais terá 40 horas e será encerrado no dia 30.

A Coomflona vem desenvolvendo um dos trabalhos mais bem sucedidos no País de retirada sustentável de madeira, com a manutenção da floresta em pé. Este ano, a cooperativa conseguiu vender 20 mil metros cúbicos de madeira, a serem entregues até o final de dezembro, por R$ 3,9 milhões. Os dois valores são inéditos para o grupo.

Com a tendência de crescimento no volume de madeira, os comunitários têm se preocupado em tornar a gestão da cooperativa cada vez mais transparente e eficiente. O conselho fiscal contribui para o controle sobre as ações da associação e, quanto melhor for esse processo, mais benefícios podem ser levados às comunidades da região.

"É uma preocupação que nós temos, a de acompanhar os balancetes para ter informações e colocar para os associados. Um dos objetivos é trazer benefícios para as populações tradicionais. Estamos apostando que vai dar certo", diz o conselheiro fiscal recém-empossado João Pedro Batista, 53 anos, da comunidade Pedreira.

APOIO - O Serviço Florestal Brasileiro apoia a Coomflona desde dezembro de 2008, quando um diagnóstico levantou as principais demandas da cooperativa. Desde então, já foram realizados cursos de capacitação em cooperativismo e interpretação de balanços financeiros.

"A Coomflona, além de ser um modelo de gestão do manejo florestal comunitário, é também um laboratório para aplicar cursos que outras comunidades, quando estiverem no grau de maturidade da Coomflona, vão demandar", diz o administrador Hélio Pontes, da Gerência de Florestas Comunitárias do Serviço Florestal. Esse conhecimento ficará disponível para futuros treinamentos pelo Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor).

Quase 60% das florestas públicas brasileiras são destinada ao uso comunitário, o que significa que os moradores dessas áreas são potenciais beneficiados das capacitações realizadas pelo Serviço Florestal, órgão responsável pela gestão das florestas públicas.
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